O academicismo no Brasil foi um movimento institucional que caracterizou a produção artística durante a segunda metade do Século XIX, fomentado pelos ideais imperialistas e inspirados no movimento neoclássico europeu.
As influências do academicismo
Em 1816 chegou ao Brasil a Missão artística Francesa, que viria a implementar um modelo institucionalizado de produção artística. Ao mesmo tempo em que a Missão liderava um movimento para formação de novos artistas, trazia consigo as influências do neoclassicismo europeu, que encontrava suporte na corte de Napoleão Bonaparte e que, sob a responsabilidade de artistas como Taunay, Montgny e Debret, líderes da Missão no Brasil, acabava de aportar no País, uma vez que eles mesmo faziam parte da produção artística de Bonaparte.
Essa influência se refletiria no trabalho dos novos artistas através da criação da AIBA – Academia Imperial de Belas Artes, fundada no Rio de Janeiro. Além das influências puramente artísticas, fatores políticos e ideológicos ajudaram no desenvolvimento de uma estética academicista.
Leia também
- Grandes cordelistas do Brasil
- Plano de aula sobre Jovem Guarda e MPB.
- A Jovem Guarda e a MPB – Aula de arte
- Questão de Arte colonial no ENEM
- Questões de arte: história da dança
- Questões de arte sobre dança
Academicismo no Brasil – contexto histórico
A vinda da Família Real Portuguesa em 1808 preparou o Brasil para se tornar uma nação independente. Mesmo depois do retorno dos artistas da missão artística francesa para Europa, em 1831, a produção artística local já ganhara ares de uma arte própria.
Ainda nos primeiros anos da AIBA, Manuel de Araújo Porto alegre já mostrava que os nativos poderiam desenvolver um bom trabalho. Aluno desde 1827, Manuel estudou pintura e arquitetura e se tornou um modelo a ser seguido. Pintor e caricaturista, Porto alegre se tornou professor de desenho e pintura da Academia, crítico de arte, poeta, escritor e teatrólogo. Além do paisagismo e da caricatura, o retratismo mostrou-se um recurso dos artistas da AIBA. Artistas como August Müller e Agostinho José da Mota desenvolveram trabalhos memoráveis nessas categorias.
Com a ascensão de Dom Pedro II, o Brasil encontrou o equilíbrio necessário e apoio para desenvolver-se artisticamente. Nem mesmo a guerra do Paraguai consegui reduzir a produção artística da época, e, pelo contrário, fê-la prosperar.
Com economia estável, ausência de conflitos internos e apoio da corte a produção artística encontrou o terreno adequado para se desenvolver. Foi nesse contexto que surgiram artistas como Pedro Américo e Vitor Meireles.
Artistas e obras
Alguns artistas que estudaram na Academia Imperial de Belas Artes ganharam destaque e se tornaram os nomes mais importantes do período. Pedro Américo, Vitor Meireles e Almeida Júnior são, sem dúvida, os mais conhecidos.
Pedro Américo
Pedro Américo de Figueiredo Melo(1843-1905) nasceu em Areias, Paraíba e foi morar no Rio de Janeiro quando tinha 11 anos de idade. Estudou no Colégio D. Pedro II e na Academia Imperial de Belas Artes. entre 1859 e 1864 estudou na escola de Belas artes de Paris, sob patrocínio de Dom Pedro II.
O trabalho de Pedro Américo seguiu as tendências neoclássicas, embora a Europa já vivesse a influência do impressionismo. Sua pintura abrangeu temas bíblico e históricos, além de ter pintado importantes retratos, como o de Dom Pedro II durante a abertura da assembleia geral. Entretanto, suas obras mais famosas são a Batalha do Avaí e Independência ou morte. Abaixo, algumas obras desse autor.




Vitor Meireles
Vitor Meireles (1832-1903)nasceu em Desterro, hoje Florianópolis, Capital de Santa Catarina. Ainda jovem foi estudar na Academia Imperial de Belas Artes. Na AIBA foi premiado com uma vagem para Europa, onde teve contato com outras tendências artísticas. Sua pintura mais famosa foi produzida em Paris, em 1861, e recebeu o nome de “A primeira Missa no Brasil”. A pintura foi baseada no relato de Pero Vaz de Caminha. No ano seguinte, já no Brasil, pintou Moema, personagem do poema Caramuru, de Frei José de Santa Rita Durão.
Vitor Meireles priorizava temas históricos, como O juramento da princesa Isabel, bíblicos, como Flagelados de Cristo e os retratos, como Imperatriz Tereza Cristina e Dom Pedro II.


Almeida Júnior
José Ferraz de Almeida Júnior( 1850-1899) merece destaque entre os artistas academicistas. Segundo alguns especialistas, Almeida Júnior é o mais brasileiro dos pintores do Século XIX. Isso porque sua obra contemplou, não somente a vida aristocrática, mas também o cotidiano do povo brasileiro.
Nascido em Itu, Frequentou a AIBA e foi aluno de Vitor Meireles. Quando concluiu o curso, Meireles ganhou uma bolsa do imperador e foi viver em Paris, entre os anos de 1876 e 1882. Sua temática regionalista ficou marcada em obras como Leitura, Picando fumo e O violeiro.



A superação do neoclassicismo
Apesar da forte influência neoclássica recebida pelos artistas da Academia Brasileira de Belas Artes, houve um padrão menos rígido na suas obras. Enquanto o neoclássico europeu procurava idealizar a beleza, o artista brasileiro foi bem mais realista. A própria obra de Almeida Júnior já apresenta sinais dessa superação, que será confirmada no trabalho de outros artistas, como na obra de Belmiro de Almeida e Benedito Calixto. Mas isso é assunto para outro artigo.
Pingback: Arte no ENEM: Matriz de referência e objetos de conhecimento para questões de arte. – História e arte
Pingback: Arte no ENEM: Matriz de referência e objetos de conhecimento para questões de arte. – História e arte
Pingback: O Renascimento na Península Itálica -A técnica a serviço da arte – História e arte
Pingback: O Renascimento na Península Itálica -A técnica a serviço da arte – História e arte
Pingback: Questões de arte: Missão artística francesa e academicismo no Brasil. – História e arte
Pingback: Van Gogh – Talento, depressão e suicídio – História e arte
Pingback: Van Gogh – Talento, depressão e suicídio – História e arte
Pingback: O Neoclassicismo na Europa – História e arte
Pingback: O Neoclassicismo na Europa – História e arte